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Sistemas Agroflorestais: Conceitos e Aplicações1
Vera Lex Engel2
1. Introdução
Na época do Brasil Colônia instalou-se no país uma sociedade agrícola de caráter predatório, que enxergava as florestas outrora exuberantes como uma barreira natural para a ocupação territorial e expansão das fronteiras. Desde então, os ciclos econômicos que construíram a história, do pau-brasil, da cana-de-açúcar, do café, da mineração e da pecuária, foram todos baseados na destruição da cobertura florestal e na ausência de preocupação com o esgotamento desses recursos. As densas florestas tropicais eram tidas aos olhos dos colonizadores e, mais tarde, dos proprietários de terras, como inesgotáveis. Esse processo fez-se sentir de maneira particularmente grave no caso das áreas de domínio da Mata Atlântica, principalmente no Sudeste e Sul do país. O resultado foi a redução de cerca de 90% da cobertura florestal original da Mata Atlântica, o que se repetirá em pouco tempo na Amazônia, caso os atuais modelos de desenvolvimento sejam mantidos. Recentemente, a chamada “Revolução Verde”, pregando o aumento da produção agrícola por unidade de área para enfrentar as futuras demandas de alimentos, tem sido viabilizada às custas da uniformização dos sistemas de produção e de um elevado nível de insumos e provisão de energia externa. Tal processo tem se dado às custas da tecnologia agropecuária importada de regiões temperadas e países desenvolvidos, muitas vezes inadequada às regiões tropicais. Os ecossistemas de regiões temperadas e tropicais são muito diferentes. Um dos aspectos principais é com respeito à ciclagem de nutrientes. Nas regiões temperadas, os solos de uma maneira geral são mais férteis e a maior parte dos nutrientes minerais está armazenada no solo, bem como a matéria orgânica, que se acumula naturalmente por causa das taxas de decomposição mais baixas. Entretanto, nas regiões tropicais, a maior parte dos nutrientes não está disponível de forma imediata e encontra-se