História da sexualidade - vol. 1
Neste capítulo, Foucault fala sobre as relações entre poder e desejo, analisando que o último surge a partir de algo a ser preenchido, podendo ser usado como forma de dominação, na qual o indivíduo desejado seria também o possuidor do poder. Para o autor, não há espaço para a sexualidade no exercício do poder, sendo ele um instrumento de opressão, censurando-a na maior parte do tempo, castrando-a por vezes e limitando-a inevitavelmente; o discurso ocuparia também papel opressor, uma vez que o indivíduo não ousa ou não pode realizar, permanecendo apenas na fala. Explicita também o ponto no qual o saber é poder à medida que um indivíduo sabe – ou suspeita saber - sobre a sexualidade tem – sabendo ou suspeitando saber, de algum modo, o domínio que exerce sobre o outro ou acredita exercer.
Foulcault trata da incansável máquina de interdição, demonstra que o poder sempre tenta ocultar os seus mecanismos internos, não revelando o seu lado mais cruel ( na acepção de “cru”), pois, se seria expor a sua faceta mais arbitrária e injusta – o que, invariavelmente, iria suscitar indignação, resistência e mesmo revolta. O poder seria socialmente aceito como uma ferramenta que impõe fronteiras à liberdade, mas não a extingue. O autor fala a respeito do poder como sendo, acima de tudo, um jogo e afirma a chamada “onipresença do poder” pelo fato de que ele está presente em todo tipo de relação – seja na organização patriarcal das famílias, ou nas relações entre classes – , sendo este uma situação, e não uma instituição ou aparelho como o Estado, não como a dominação exercida por um indivíduo sobre os demais, mas atesta a multiplicidade do poder, e o quanto ele pode ser contraditório, instável, desigual e móvel. É importante ressaltar que, para Foucault, o poder não é um aspecto externo das relações, mas sim um efeito produzido por estas, não por agrupar tudo dentro de um único véu, mas tendo focos isolados. Vemos o tema da sexualidade e