Psicologia geral
NELSON RODRIGUES LEITOR DE GILBERTO FREYRE:
APROXIMAÇÕES ENTRE CASA-GRANDE & SENZALA, SOBRADOS E
MUCAMBOS E A DRAMATURGIA DE NELSON RODRIGUES Henrique Buarque de Gusmão (UFRJ)
GT: Teatro Brasileiro
Palavras-chave:Nelson Rodrigues, Gilberto Freyre, civilização
Em Casa-grande & senzala, Gilberto Freyre faz um detalhado retrato do ambiente da casa-grande colonial e aponta, em diversos momentos, para a idéia de que o sucesso da ocupação da colônia portuguesa na América foi possível graças à mobilidade, à miscibilidade e à aclimatabilidade dos portugueses em contato com índios e africanos, gerando uma grande miscigenação de povos e culturas. Esse elogio da miscigenação, entretanto, não exclui de sua obra a análise do “gigantesco grau de violência inerente ao sistema escravocrata” (Benzaquen de Araújo, 1994, p.45), como propõe Ricardo Benzanquen de Araújo em seu livro Guerra e Paz, Casa-Grande & Senzala e a obra de Gilberto Freyre nos anos 30. Benzaquen identifica, no ambiente social da casa-grande criado por Freyre, uma tensão entre flexibilização e violência entre culturas, relacionada a uma característica que marcaria essa realidade: a hybris1. A casa-grande freyreana seria caracterizada por um ambiente de excessos, principalmente sexuais, que aproximam o português da negra e da índia e que gera um “clima extremamente orgiástico” (Idem, Ibidem, p. 63), um ambiente de “culto à obscenidade” (Idem, Ibidem, p. 68). Monta-se na casa-grande colonial um clima marcado pela excessiva violência do senhor, por sua preguiça, mas altamente sexualizado, onde senhores se relacionam com escravas, meninos com cabras e até mesmo o incesto pode ser encontrado. Analisando a obra seguinte de Gilberto Freyre, Sobrados e mucambos,