Desprezo como conceito

3428 palavras 14 páginas
Desprezo como Conceito
Peter Sloterdjik
Capítulo II
Como vimos antes, a modernidade fez a massa virar quase um sujeito. Esse fenômeno dá um material psicoanalítico inflamável, provocador. Percebe-se, na modernidade, lutas culturais e embates ideológicas que não passa de uma disputa entre pessoas que ofendem e pessoas que puxam saco.
Assim, na massa, há sempre uma forma de desprezo. O desprezo deixa de ser uma coisa de quem está isolado. Ao contrário. Desde o início dos tempos modernos a classe trabalhadora passou a manifestar paixões e, pela primeira vez, foram para a política. E, mais do que isso, passaram a desenvolver um afeto filantrópico, de querer ajudar ao próximo. Thomas Hobbes já falou de uma massa súdita, de grupos que eram subordinados a um soberano. Nesse sentido, a massa tem como característica uma submissão racional, é um grupo que se submete a um Rei de propósito.
Hobbes também afirmava que a consciência da burguesia era submissa. Mas o verdadeiro submisso, segundo Sloterdjik, é aquele que entende que deve existir somente um único soberano. Ou seja, a submissão só existe de verdade se existir alguém que seja todo poderoso, que atue para além das suas paixões. Mas como fazer isso? Sabendo que todas as paixões são superadas pelo medo. Ou seja, se submete apenas quem sente medo.
Com Hobbes começam os estudos antropológicos e filosóficos. É ele quem derruba a tese de que uns homens são menores do que os outros, porque ele diz que todos os homens estão sujeitos a um único soberano. Assim, nobreza, pobre, burguesia, estariam numa situação igual perante o rei. Todas as pessoas vivem a partir das mesmas bases. E os homens, em última instância, são movidos pelo medo.
A modernidade que vem surgindo, a partir disso, vai destruindo a ideia de distinção, de diferenciação entre as classes. Não tem mais aquele sujeito que se doa pra sociedade -- agora cada um quer mais saber se “fazer o seu”.
Tanto Hobbes quanto o filósofo Espinosa estavam prevendo

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