O conceito de massa na pós-modernidade
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O século XXI nasce com o grande desafio de compreender o fenômeno da multidão. Desde o século XIX, com o surgimento da sociedade industrial, o pensamento ocidental enfrenta esse desafio com significativa preocupação. O comportamento das massas humanas instiga os pensadores desde o alvorecer da filosofia ocidental, entretanto, somente há poucos séculos tem conseguido angariar o devido reconhecimento. Desde que Platão, olhando para o demos ateniense, ressaltava o perigo de uma multidão irracional e ignorante sempre inclinada a transformar a democracia em tirania, os pensadores tendem a reagir com repúdio ao desafio de compreender teoricamente as massas. Uma tentativa de reconhecimento se inicia em meados do século XIX, estendendo-se pelo século XX, em duas frentes: por um lado, surge uma psicologia das massas (presente em obras de Gabriel Tarde, Gustave Le Bon, Sigmund Freud, Hannah Arendt, Ortega y Gasset); por outro lado, o tema recebe atenção no campo literatura[1] (Victor Hugo, Charles Baudelaire, Edgar Allan Poe).
Mas é apenas em 1960, com a obra Massa e Poder de Elias Canetti, que o desafio filosófico de compreender as multidões ganha uma abordagem inovadora. O pensamento de Elias Canetti está ligado as mais tormentosas experiências de multidões da história da humanidade, as grandes guerras do século XX. Peter Sloterdijk, filósofo alemão, em seu ensaio O Desprezo das Massas (2000), recupera a preocupação de Elias Canetti na perspectiva do final do século XX. Dessa forma, Sloterdijk nos oferece uma atualização da crítica de Canetti, meio século depois, expondo como a direção das massas humanas ainda é um dos problemas centrais da política e da cultura modernas.
A presente dissertação pretende empreender uma análise filosófica do conceito de multidão na atualidade, visando compreender o fenômeno contemporâneo das massas humanas e algumas de suas mais relevantes implicações éticas, culturais e políticas para o século XXI, principalmente no que concerne a