Resenha do livro "Grécia e Roma"

“Qual o sentido de estudarmos a Antiguidade em pleno século XXI? O que a cultura clássica tem a ver com a gente?” Estas perguntas, que o autor se faz já na introdução, resumem bem os objetivos desta obra: a abordagem global, ligada à contemporaneidade, dos diversos aspectos da vida pública e privada da Grécia e de Roma. Não se trata de uma sucessão de acontecimentos e personagens, pois o livro analisa os principais aspectos da vida coletiva das sociedades da Antiguidade que constituem o núcleo duro da cultura ocidental.
A apresentação dos temas distancia-se de todo dogmatismo ou esquematismo, procurando oferecer estados gerais de cada questão tratada, recolhendo opiniões de autores de diferentes horizontes e quais as consequências de suas posturas. As fontes documentais são tratadas como produtos intelectuais da sociedade, ligadas aos grupos sociais que as produziram. O conjunto de textos literários permite ao leitor aproximar-se de forma direta das ideias dos pensadores antigos e os comentários mostram como se forma o conhecimento histórico a partir da crítica das fontes. A intenção do autor consiste em fazer com que o leitor forme seu próprio juízo sobre os temas abordados. Um mérito particular do livro consiste na análise das sociedades grega e romana relacionada com a atualidade.
Aquilo que poderíamos definir como a experiência grega constitui o campo em que se desenvolvem uma série de inovações e seus limites, o que tem impressionado os pensadores desde o humanismo renascentista. O volume mostra o surgimento e as transformações de certas experiências intelectuais, políticas e sociais, tais como os direitos individuais e políticos do cidadão e sua participação na democracia, a capacidade de integração de indivíduos na cidade e os grupos excluídos, a distinção entre público e privado. A evolução desses processos permite formular perguntas muito atuais sobre o funcionamento da nossa sociedade de massa. Roma, por sua parte, permite ao autor abordar outras