Raizes do Brasil - O homem cordial

4207 palavras 17 páginas


O HOMEM CORDIAL

• Antigona e Creonte
• Pedagogia moderna e as virtudes antifamiliares • Patrimonialismo
• O “homem cordial”
• Aversão aos ritualismos: como se manifesta ela na vida social, na linguagem, nos negócios
• A religião e a exaltação dos valores cordiais O Estado não é uma ampliação do círculo familiar e, ainda me- N nos, uma integração de certos agrupamentos, de certas vontades particularistas, de que a família é o melhor exemplo. Não existe, entre o círculo familiar e o Estado, uma gradação, mas antes uma des- ( continuidade e até uma oposição. A indistinção fundamental entre j as duas formas é prejuízo romântico que teve os seus adeptos mais entusiastas durante o século xix. De acordo com esses doutrinadores, o Estado e as suas instituições descenderiam em linha reta, e por simples evolução, da família. A verdade, bem outra, é que pertencem a ordens diferentes em essência. Só pela transgressão da ordem doméstica e familiar é que nasce o Estado e que o simples indivíduo se faz cidadão, contribuinte, eleitor, elegível, recrutável e responsável, ante as leis da Cidade. Há nesse fato um triunfo do geral sobre o particular, do intelectual sobre o material, do abstrato sobre o corpóreo e não uma depuração sucessiva, uma espiritualização de formas mais naturais e rudimentares, uma procissão das hipóstases, para falar como na filosofia alexandrina. A ordem familiar, em sua forma pura, é abolida por uma transcendência.
Ninguém exprimiu com mais intensidade a oposição e mesmo a incompatibilidade fundamental entre os dois princípios do que Sófocles. Creonte encarna a noção abstrata, impessoal da Cidade em luta contra essa realidade concreta e tangível que é a família. Antígona, sepultando Polinice contra as ordenações do Estado, atrai sobre si a cólera do irmão, que não age em nome de sua vontade pessoal, mas da suposta vontade geral dos cidadãos, da pátria:
E todo aquele que acima da Pátria
Coloca seu amigo, eu o terei por

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