leticia - Paraisos Artificiais
Droga e os Paraísos Artificiais
Charles Baudelaire, poeta parisiense, morto em
1867, foi um dos primeiros dos grandes homens de letras do século XIX a discorrer, em ensaios muito bem escritos, sobre os efeitos das drogas que ingeriu. Chamou-as de paraísos artificiais, satisfações momentâneas que os homens buscavam para fugir da mediocridade existencial a que a grande maioria estava condenada, mesmo que o despertar daquele fugaz momento edênico tivesse horríveis conseqüências.
No círculo do haxixe
C.Baudelaire (1821-1867)
O absinto, droga alcoólica
(tela de Degas)
"Este senhor visível da natureza visível desejou criar o Paraíso pela farmácia..." C. Baudelaire "Les Paradis artificiels", 1858
Devemos ao poeta Charles Baudelaire o acerto do conjunto das suas intuições feitas a respeito dos efeitos gerais do haxixe e outros tóxicos.
Tudo o que ele escreveu a respeito, faz quase cento e cinqüenta anos atrás, confirmou-se ao longo do tempo. Credita-se a ele ter escrito aquilo que pode entender-se como o mais profundo ensaio sobre a metafísica da droga: isto é, as motivações mais profundas que conduzem alguém ao caminho dos alucinógenos.
Freqüentador, juntamente com outros artistas e escritores, do pequeno círculo de Roger de Beauvoir, instalado no Hotel Pimodan em Paris desde
1845, onde inalavam haxixe, Baudelaire, posteriormente, relatou estas experiências numa monografia que tornou-se célebre: Paradis artificiels,
"Os Paraísos artificiais", composto pelos poemas De l´Ideál artificiel, le haschisch e Le poème da haschisch.
Atingidos pela graça
Na verdadeira descrição literária que ele faz sobre os efeitos delas, observa-se que recorre largamente às palavras associadas ao vocabulário religioso, senão beatífico, tais como
"graça", "gratificação", "elevação", "forças espirituais" e, até mesmo, "angélico".
Expressões essas que não estavam destituídas de sentido porque, segundo ele, o que cada um procura ao inalar