“A interpretação do Neoclássico nas Províncias”
A difusão do neoclassicismo por todo o país processou-se, basicamente de dois modos:
1- Nos centros maiores do litoral, produzindo exemplos de grande perfeição formal e relativo apuro construtivo, embora dependente (não apenas pela influência cultural importada) de mão-de-obra para construção, materiais, objetos de decoração, plantas para os jardins e empregados europeus para sua operação e funcionamento. 2- Influenciando a arquitetura urbana mais modesta e as residências das grandes propriedades rurais, nas áreas de maior prosperidade financeira. Nesse caso a influência do neoclássico compreendia modificações apenas de detalhes externos da construção.
Mesmo assim, o movimento alcançou a mais ampla divulgação em quase todo o território brasileiro e seu êxito, mesmo considerando-se que sua aplicação muitas vezes limitou-se à transformações superficiais, não pode ser entendido como obra do acaso, de modismos ou de simples importação. São de fato respostas a mudanças de ordem estrutural na sociedade brasileira.
Aparentemente trata-se de uma transformação sui generis, pois, conservando-se as bases socioeconômicas da vida brasileira, os mesmos proprietários rurais, senhores das mesmas terras e dos mesmos escravos, ocupados no fornecimento do mesmo tipo de produtos agrícolas para exportação, passam quase que subitamente a consumir um novo tipo de arquitetura em suas residências rurais e urbanas.
Essa transformação pode ser explicada pelas mudanças políticas operadas com a independência. Estas foram suficientemente amplas para conferir novas significações aos vários elementos da antiga estrutura social. Foram amplas também para dar conteúdo à nova arte. Com a instalação da Corte portuguesa no Rio de
Janeiro e, sobretudo depois da independência, os grandes proprietários rurais assumem diretamente as responsabilidades pela expansão europeia no país.
O Brasil passa a ser visto pelos países europeus