A identidade do sujeito na fronteira do pós-colonialismo em Angola

A identidade do sujeito na fronteira do pós-colonialismo em Angola
Prisca Augustoni *
Anderson Luiz Viana *
RESUMO:
O presente artigo pretende analisar a problemática questão da construção da identidade do sujeito pós-colonial no continente africano. Elegeu-se Angola como cenário no qual a literatura registrou a conflituosa transição do sujeito do período colonial para o pós-colonial. Tenta discutir a falência da utopia colonial e a dificuldade em se definir a identidade de um povo na fronteira de dois tempos culturais distintos posto que ainda tão próximos.
Palavras-chave: Pós-colonialismo. Sujeito. Fronteira. Identidade. Angola.

Introdução
Quando se decide voltar a atenção para a questão da construção das identidades culturais na contemporaneidade, dificilmente se escapa da problemática da configuração identitária do sujeito que se situa em um tempo e em um espaço marcado pela descolonização tardia. No século
XX, países da África ainda se encontravam sob a égide de nações ocidentais, mormente europeias.
Vitimizado por grandes equívocos no trato, nos conceitos e no referencial quanto ao que seria
África e quem ou como seriam as gentes africanas, o continente, durante séculos, foi visto como um bloco único composto de gente bárbara, designada de forma simplista como “africano” ou “negro”, signos identitários que na contemporaneidade são reconhecidamente insuficientes para dar conta da diversidade étnica, cultural e racial dos povos e nações africanas.
Concomitante à movimentação pró-independência surgida na segunda metade do século
XX, em países como Angola, por exemplo, uma grande utopia libertária passou a ser o mote para a construção das identidades dos povos de África. Identidades que não fossem conferidas pelo olhar eurocêntrico, mas pelos próprios detentores das culturas e sujeitos do modus vivendi do continente.
O que se percebeu, contudo, foi que, após a descolonização, uma nova crise identitária se configurou.
Após décadas sob o