Vitimas de excelencia
Helio Gurovitz Exame - 02/06/99
Sabe-se que a má gestão leva um negócio ao fracasso. O que se começa a ver com mais clareza agora é que, em certas situações, uma gestão de altíssima qualidade também pode ser mortal para uma empresa. Que fazer?
Por que o radar das melhores empresas falha diante da ameaça invisível das novas tecnologias
Cuidado! Você que acabou de se sentar na poltrona e afrouxou o nó da gravata para ler esta reportagem mais tranqüilo. Cuidado. Enquanto você provavelmente tira uma baforada do charuto (será cigarro? cachimbo?) e o põe com calma a queimar no cinzeiro, o seu negócio está ameaçado. Não importa qual ele seja, alguém está prestes a dar o bote. Agorinha mesmo você entrou na linha de tiro.
Você monitora a concorrência? Em vão. Não é dos concorrentes que vem o perigo. Quem o ameaça é hoje tão insignificante que surgirá como uma ridícula nódoa - se tanto - na tela do seu radar.
Você está de antenas ligadas no mercado? Desista. O mercado abandonará seus produtos, qual um moleque que joga cascas de banana na rua para comer a fruta dando risada. Mas nem você nem o mercado sabem quem é o trouxa que vai escorregar e cair no chão. A casca de banana está lá à sua espera, e ninguém dirá nada até você derrapar. Até você e o mercado enxergarem - no mesmo instante - a genial inovação que vai destruir seu negócio e aniquilar sua empresa.
Como? Você também investe em inovações? Pesquisa? Treinamento? Está de olho nas fronteiras do conhecimento? Nos avanços da tecnologia? Debalde. A inovação que vai matá-lo amanhã é hoje considerada pelos círculos técnicos mais confiáveis uma piada, um simples brinquedo de criança. E assim será até a minúscula nódoa no radar se revelar um mortífero bombardeiro invisível.
Sei, sei. Você ainda está tranqüilo. (Outra baforada.) Sua empresa é um exemplo de competência. Tem crescido ano após ano e não há de ter medo de fantasmas ou brinquedos infantis. Aposta em mercados cada vez maiores, mais