Trabaljos
Há alguns anos, uma entidade que não será aqui nominada por força dos imperativos éticos, convidou-me e a um grupo multidisciplinar de profissionais da gestão de RH, para elaborar o código de ética. Coube-me a tarefa de elaborar um rascunho, para servir de arrancador dos debates. Pesquisei muitos códigos de ética e livros sobre o assunto e fui buscar alguns fundamentos na Filosofia e nas Ciências Políticas. Colhi as sugestões de vários profissionais da área de RH e de colegas nos vários cursos que então ministrava, chegando a um material muito rico que resultou no decálogo que virá adiante nesse artigo.
As discussões do grupo formado em pouco tempo chegaram a impasses complicados. Os seus membros formados e atuantes no contexto da Psicologia Clínica e Organizacional tendiam à construção de um texto muito focado nas questões internas da alma, o que era rebatido pelos membros que tinham uma formação e visões mais focadas no chamado “operacional concreto”. Um dos membros do grupo, advogado trabalhista e um constitucionalista feroz, alinhava argumentos que se contrapunham aos das duas correntes já mencionadas, o que provocava debates acirrados. Para agravar o tempero polêmico do grupo, havia um pequeno subgrupo que defendia uma linha que mais parecia os famosos regulamentos internos das empresas (é proibido isso, aquilo, aquilo outro e que o Criador tenha piedade dos transgressores...).
Numa das reuniões, a temperatura dos debates chegou ao ponto vulcânico: houve uma troca de “adjetivos” como “alienado”, “quadrado”, “esquizóide”, “demagogo”, “esquerda festiva” e até um explosivo “BURRO!”. E nóis era tudo de RH... imagina si nóis num fosse, né?