As autoras elegem como relevante na organização do trabalho pedagógico, o modo como o professor trabalha e lida com a complexidade depende do modo como ele interpreta os acontecimentos. O modo de interpretar depende, por sua vez, da sua história, da sua formação, da sua experiência, bem como do acesso aos conhecimentos produzidos historicamente. Tais conhecimentos - teóricos, sistematizados, divulgados - sobre o desenvolvimento das crianças, sobre seus modos de aprender, sobre as formas de ensinar, sobre os conteúdos, valores, prioridades da época etc. - porque históricos, configuram-se em determinado espaço e tempo e tornam-se (ou não) disponíveis ao professor (através de leituras, cursos, conversas etc.), passando a fazer parte dos recursos materiais dos quais ele lança Mão nas situações concretas. Neste sentido, o olhar do professor não é só dele, uma vez que é marcado pelo movimento das ideias, pelas questões e debates relevantes em um dado momento histórico. De acordo com a sua visão das autoras, os conhecimentos que precisamos são em que o professor formula objetivo e constrói um saber não só sobre particularidades de cada criança, o momento que cada uma delas está atravessando, como também sobre regularidades no processo de como as crianças se desenvolvem e aprendem. O confronto deste saber com a complexidade e com a diversidade do cotidiano, resulta na maior ou menor estruturação das atividades em sala de aula, nos diferentes níveis de exploração das atividades, na modalização e ritmo de trabalho, na antecipação - ou não - dos possíveis desdobramentos e variações, assim como das dificuldades e limites. Nas múltiplas possibilidades de inserção do professor nessa dinâmica, emerge uma busca de consistência e coerência que configura a prática pedagógica e se constitui como eixo unificador, estabelecendo pontos que permitem a passagem. O desafio fundamental para o profissional da educação é distinguir e compreender as teorias subentendidas na sua própria