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Cabanagem: o povo no poder
Por Luiz Alves 09/03/2005 às 13:23
Em Belém do Pará, o ano era 1835. Seis de janeiro era dia de Folia de Reis. Festa popular, religiosa e profana. Muitos cantavam ladainhas em procissão ou rezam na igreja, enquanto a praça estava repleta de pessoas vindas da periferia e da zona rural.
Os ricos observam a alegria do povo, a sensualidade das negras e mestiças, de um povo que sempre fora objeto do seu lucro e do seu prazer. Nem imaginam o que está para acontecer.

Mal termina a festa, duzentos rebeldes cabanos, comandados por Negro Patriota e Antônio Vinagre invadem o palácio do governo e a casa do presidente da província, função hoje equivalente à de governador de Estado. Dominam a guarda, prendem seus chefes, a maioria dos soldados passa para o lado dos revoltosos. O povo tomou o poder.

O presidente (governador) Lobo de Sousa consegue fugir, mas é detido no dia seguinte. Executado sumariamente, os revoltosos vingam os heróis populares Tiradentes, Zumbi, os líderes da Revolução Pernambucana de 1817 e tantos outros: o cadáver do Lobo opressor é arrastado pelas ruas. O povo cospe em cima dele.

No começo, a luta pela independência

Os portugueses da província do Grão-Pará (que hoje compreende os Estados do Pará e do Amazonas) não aceitaram a ?independência? proclamada por Pedro I, entrando em luta contra os burgueses nativos, ansiosos para se libertarem do domínio da coroa lusitana. À luta dos ricos favoráveis à independência juntou-se o povo pobre, que via no sistema colonial a causa da sua pobreza e sofrimento. Eram os negros (escravos e libertos), índios e brancos pobres (camponeses e trabalhadores urbanos). Setores médios integraram também o movimento revolucionário: padres, estudantes, funcionários públicos. Os pobres moravam em casebres humildes, as cabanas, sendo por isso chamdos pejorativamente de "cabanos" pela elite, o que deu nome ao movimento. Na liderança, estava o liberal radical padre Batista Campos.

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