Simulacro

3815 palavras 16 páginas
SIMULACRO
Carlos Ceia,. Dicionário de Termos Literários. 2005. ISBN: 989.20.0088-9.
Disponível em http://www.fcsh.unl.pt/edtl. Acesso em 18.01.2011.

Falar de simulacro implica, antes de tudo, referir o que seria o seu avesso: o real. Ou não, na medida em que o simulacro constitui uma realidade, uma realidade diferente daquela que simula. No entanto, o simulacro é o simulacro, poder-se-ia concluir com atrevida tautologia. O simulacro é um signo que só se refere a si mesmo. Retomando o francês Jean Baudrillard e o italiano Mario Perniola, o filósofo francês Michel Maffesoli fala “de simulacro, ou seja, daquilo que não remete a um modelo original, daquilo que não busca se lançar para além das aparências a fim de atingir a essência. A noção de simulacro deve ser entendida ‘como uma construção artificial destituída de um modelo original e incapaz de se constituir ela mesmo como modelo original’ (PERNIOLA)”. Em entrevista ao jornal carioca O Globo, o romancista norte-americano Paul Auster, tangendo o tendão de Aquiles da questão do real versus simulacro, declara peremptoriamente: “Para mim, meus personagens são pessoas reais. Sei que soa estranho, mas eu acredito neles da mesma forma que acredito em alguém feito de carne, sangue e ossos. Eles vivem na minha cabeça. Até mesmo personagens sobre os quais eu escrevi há 20 anos, ainda penso muito neles. Volta e meia eles voltam à minha imaginação e, de certa forma, dialogam comigo”. Fernando Pessoa (1888-1935), nomeadamente ipse, o poeta do abismo dos simulacros, feito e refeito pessoas, personae, portanto máscaras, enunciou, no poema, significativamente designado “Autopsicografia”, de 01.04.1931, inscrito em Cancioneiro: “O poeta é um fingidor”, verso magnífico, tornado clássico e, até, clichê, sem, todavia, perder, jamais, a infinitude de sua semiose. Fingir “deveras” estrutura, então, um sintagma, que há de significar a fusão alquímica do simulacro e do real, tornados faces de uma mesma moeda. Esfíngico, o

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