Representações e consumo: o que é ser “classe média?”
Natália de Andrade Rocha[2]
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
RESUMO
Este artigo tenta compreender a formação do imaginário do que se tem chamado de “nova classe média”, uma classe que só existe ao nível da representação e que a partir dela vai formando uma identidade. A imprensa apresenta esteriótipos sobre este grupo “emergente” que muito se aproxima das representações nas telenovelas. Sendo assim, torna-se importante estudar como as novelas, que possuem alto índice de audiência da classe C, representam a “classe média” e os “emergentes” e como apresentam o consumo como fator de ascensão social, indicando o que é preciso para ser de “classe média” ou simplesmente “ser alguém”
PALAVRAS-CHAVE: nova classe média; representação; consumo; comunicação.
INTRODUÇÃO
As manipulações dos fabricantes profissionais de imagens são eficazes porque seu público não pode conhecer pessoalmente todas as pessoas das quais se fala, ou que deseja imitar, e, por outro lado, porque tem necessidade inconsciente de acreditar em determinados tipos.
Wright Mills
Ao escrever sobre a formação da classe média americana, os white collar, e sua representação Wright Mills (1976, p.15) destaca que estes “tipos” não foram criados a partir da experiência, mas como produtos das comunicações de massa. Havia uma diferenciação nas representações encontradas em literaturas populares que admiravam este novo grupo e as literaturas “vindas de cima”, nas quais os white collar apareciam como “dignos de pena”. O mesmo ocorre depois de mais de três décadas com a “nova classe média brasileira”, um grupo heterogêneo de pessoas que estão “subindo na vida”. Esta nova categoria é definida em termos de renda, uma divisão que não leva em conta o fator educacional, ocupacional e cultural. Estão incluídas na “nova classe média”: a manicure com ensino fundamental incompleto, o técnico