Mente e cerebro
A relação mente-cérebro tem sido objeto de contínua discussão e controvérsias por parte dos cientistas e pensadores ao longo dos séculos. O uso dos termos "mente" e "cérebro" em psiquiatria foi associado à polarização de conceitos, como se fossem entidades separadas. Os conceitos que se referem ao ambiente, ao psicossocial e às psicoterapias possuem a tendência de serem relacionados à "mente", enquanto que a genética, a biologia e a medicação são freqüentemente associadas ao "cérebro". Os termos "biomédico" e "psicossocial" definem dois paradigmas, divisão que tem produzido um efeito paralisante sobre o desenvolvimento da ciência que se dedica à saúde mental. Essa dicotomia e polarização é uma visão ultrapassada e empobrecedora, pois os psiquiatras da era pós-cartesiana tendem a pensar na mente como uma atividade do cérebro, os quais, na prática encontram-se inextricavelmente interligados. A persistência da discussão a respeito dos termos "mente" e "cérebro" na psiquiatria contemporânea reflete o fato de que eles representam, hoje, diferentes formas de pensar sobre os pacientes e seus tratamentos.
Parte da polarização entre mente e cérebro está relacionada a uma visão antiga, ou seja, de que a psicoterapia é um tratamento para transtornos "psicológicos", enquanto que transtornos "biológicos" devem ser tratados com medicação. A integração do psicossocial com o biológico é a essência da psiquiatria: a psicoterapia pode ser eficaz mudando o funcionamento do cérebro, assim como os psicofármacos podem ser eficazes na redução de sintomas, com melhor aproveitamento da psicoterapia. Essa integração de conceitos é um permanente desafio. As medicações, tão importantes e necessárias em diversas psicopatologias, podem atingir os sintomas-alvo, mas não produzem a compreensão emocional necessária ao bem-estar do indivíduo. As psicoterapias, tão fundamentais na compreensão da mente humana, têm