Fogaça
1
O povoamento do Planalto Central do Brasil
Emílio Fogaça*
Nesta rápida intervenção pretendo propor alguns tópicos para discussão, apoiando-me no balanço dos conhecimentos acumulados durante mais de vinte anos e que nos é agora atualizado e sintetizado pelo Prof. Schmitz em sua conferência (Schmitz, inédito).
O ANOS QUE ESTÃO POR VIR Em suas reflexões, o Prof. Schmitz nos aponta uma série de problemas novos, naturalmente decorrentes das pesquisas desenvolvidas no Planalto Central – a necessidade de implementar estudos específicos sobre diferentes categorias de vestígios ou o reconhecimento das relações estabelecidas entre sítios em áreas já intensa e extensamente estudadas –, além daqueles que não puderam ser tratados, falta de tempo ou de recursos, pelos pré-historiadores concernidos. Talvez seja triste constatar que a principal contribuição inovadora para essa temática, que não marginaliza os fatos arqueológicos em prol de modelos interpretativos no mínimo fátuos, seja fornecida pelo próprio Prof. Schmitz (No prelo), ao investigar as relações entre sítios de Serranópolis, tendo como ponto de partida a cultura material neles preservada. A continuidade da pesquisa sobre o povoamento do Planalto Central Brasileiro, que só pode ser um empreendimento coletivo, parece permanecer na dependência de uns poucos arqueólogos debruçados sobre sítios e vestígios. Enquanto que, por sobre suas cabeças, pairam espectros de natimortos, incapazes de perceber diferenças entre o homem préhistórico da savana brasileira e os !Kung do Kalahari. Daí a minha preocupação em levantar uma discussão sobre o futuro. Destaco portanto alguns aspectos que a meu ver merecem um desenvolvimento sistemático. A visão que temos dos antigos caçadores-coletores do Planalto é majoritariamente focada na ocupação de abrigos. Como destaca o Prof.