Fichamento Rosenfeld
O TEATRO ÉPICO – Anatol Rosenfeld
1. GÊNEROS E TRAÇOS ESTILÍSTICOS
Rosenfeld nos mostra que a divisão de gêneros literários não é uma ‘invenção’ da modernidade. Sócrates, em seu livro República de Platão e Aristóteles em Arte Poética, já faziam referências e delimitavam as principais características do que hoje conhecemos por gêneros literários: lírico – “em que se insinua a própria pessoa (do autor), sem que intervenha outro personagem” –, dramático – “há introdução de um terceiro (em que os próprios personagens se manifestam)” – e épico – “manifesta-se seja o próprio poeta (...), seja outro personagem, quando o poeta procura suscitar a impressão de que não é ele quem fala (...)”. O autor fala que mesmo sendo uma conceituação científica, a teoria dos gêneros não deve em hipótese alguma tornar-se uma norma na qual os autores devem ater-se para produzir suas obras literárias, já que não há pureza absoluta de estilos. A classificação em gêneros não é somente uma mera necessidade em colocar ordem e/ou classificar fenômenos, mas se configura por outras razões:
A maneira pela qual é comunicado o mundo imaginário pressupõe certa atitude em face deste muno ou, contrariamente, a atitude exprime-se em certa maneira de comunicar. Nos gêneros manifestam-s, sem dúvida, tipos diversos de imaginação e de atitudes em face do mundo. (p. 17)
Os termos líricos podem ser utilizados com diferentes sentidos: como substantivo – quando se fala do gênero propriamente dito – ou então como adjetivo – quando se fala em traço estilístico – característica pertencente ao gênero.
(...), os termos adquirem grande amplitude, podendo ser aplicados mesmo a situações extraliterárias. Pode-se falar de uma noite lírica, de um banquete épico ou de um jogo de futebol dramático.
2. OS GÊNEROS ÉPICO E LÍRICO E SEUS TRAÇOS ESTILÍSTICOS FUNDAMENTAIS
Não há obra que carregue somente características de um gênero, uma obra pode ser de gênero épico e ao