Fichamento de Gêneros Literários

Gêneros Literários
René Wellek e Austin Warren (in: Teoria da Literatura, Lisboa, Publicações Europa-América, 1979)

A espécie literária não é um mero nome, por isso mesmo que a convenção estética em que participa uma obra informa o caráter desta. A espécie literária é uma instituição – tal como a Igreja, a Universidade, o Estado, são instituições. Existe, não no sentido em que se diz que existe um animal ou mesmo um edifício, seja capela, biblioteca ou assembleia, mas sim naquele em que uma instituição tem existência.

A teoria dos gêneros é um princípio ordenador: classifica a literatura e a história literária não em função da época ou do lugar, mas sim de tipos especificamente literários de organização ou estrutura. Todo e qualquer estudo crítico e valorativo acarreta, de alguma maneira, o apelo a essas estruturas.

Aristóteles e Horácio são os textos clássicos da teoria dos gêneros. Com base neles, encaramos a tragédia e a épica como espécies e características. Mas pelo menos Aristóteles apercebia-se também de outras e mais fundamentais distinções – entre drama, épica e lírica. Na sua maioria, a moderna teoria literária mostra-se inclinada a pôr de parte a distinção entre prosa e poesia e a dividir a literatura imaginativa em ficção, drama e poesia.

Tem-se tentado demonstrar a natureza fundamental destas três espécies distribuindo entre elas as dimensões de tempo e até a morfologia linguística. Hobbes, na sua carta a Davenant, empreendeu algo desse gênero, por isso mesmo que, após ter dividido o mundo em corte, cidade e campo, encontrou três correspondentes e básicas espécies de poesia – a heroica, a escomática e a pastoral. E. S. Dallas, talentoso crítico inglês que conhecia o pensamento crítico dos Schlegels e de Coleridge, encontra três espécies poéticas basilares – peça, conto e canto – que depois elabora numa série de esquematizações de feição mais germânica do que inglesa. São elas: drama, épica e lírica.

Oferece razões para