Dumont

Resenha (4º encontro):
Dumont: Hierarquias e o englobamento dos contrários

Na introdução do livro “Homo Hierarchicus: o sistema das castas e suas implicações” cujo autor é Louis Dumont, a oposição ideológica central do sistema de castas para o nosso sistema social é logo exposta. O sistema de castas que o autor irá analisar diz respeito às castas propriamente ditas, jãti, e não às castas, varna.
O sistema de castas que pode também ser chamado de instituição pan-indiana, possui um sentido empírico e um sentido ideológico e justamente por isso, é atribuído a este sistema um conjunto de valores e ideais que podem ser compreendidos de forma racional. Para Dumont, não existe idéia por esta valorizar um mundo, porém, existe ideologia, aquela que dá sentido ao mundo e a vida, é todo sistema de idéias e de valores, é o papel central na vida social. O indivíduo então é formado então por dois sentidos, um enquanto entidade física concreta, outro enquanto configuração ideológica (de idéias, valor).
Não se pode somente partir da suposição inicial que a casta seria uma instituição que priva os seres humanos de exercerem direitos e que ainda cria obstáculos para o progresso econômico de meio bilhão de pessoas. Precisamos ir além, e permitir que a casta nos ensine algo, e sim, ela tem o que nos ensinar. Com isso, Dumont diz:
(...) o estudo de uma sociedade complexa, portadora de uma grande civilização, é mais favorável que o estudo de sociedades mais simples, social e culturalmente menos diferenciadas. A sociedade indiana pode ser, desse ponto de vista, tão mais fecunda quanto seja mais diferente da nossa: pode-se esperar o início, bem sinalizado nesse caso, de uma comparação que será mais delicada em outros casos. [DUMONT, Louis. Homo Hierarchicus, o sistema de castas e suas implicações. São Paulo, EDUSP, 1997, p. 50]
Dumont irá demonstrar que existe um juízo de valor dos ocidentais a respeito do sistema de castas e, além disso, sustenta ao longo do texto que o