Alienista - tempo/espaço
Percebe-se que toda a história se passa no passado, tendo o tempo psicológico, havendo o uso de flash back: “As crônicas da Vila de Itaguaí dizem que, em tempos remotos, vivera ali um certo médico: o Dr. Sr. Bacamarte.”
Os “tempos remotos” a que se referem às crônicas, pelas indicações dadas, se remontam à primeira metade do século XVIII (reinado de D. João V).
A ação transcorre como já se viu, em Itaguaí, cidadezinha do Estado do Rio de Janeiro. Tendo como foco principal, um asilo para loucos: “A Casa Verde foi o nome dado ao asilo, por alusão à cor das janelas, que pela primeira vez apareciam verdes em Itaguaí.” A expressão “Casa de Orates”, citada no primeiro capítulo do livro significa "Casa de Loucos". Simão ao construir a Casa Verde, deseja servir à ciência. Porém, por trás dos atos aparentemente bons, surpreende-se a intenção verdadeira de Bacamarte: atingir a glória e ser a pessoa mais importante de Itaguaí. É Machado desmascarando a hipocrisia humana.
LOUCURA EM EVIDÊNCIA
Muitos conceitos abordados no livro, como a questão do isolamento, as diferenças de classes e a ambição, são fixos, não se modificam, apenas aumentam. Mas tratando-se do tema central, a loucura, o modo como é visto, se modifica.
Para Sócrates, este fato geraria quatro tipos de loucuras: a profética, em que os deuses se comunicariam com os homens possuindo o corpo de um deles, o oráculo. A ritual, em que o louco se via conduzido ao êxtase através de danças e rituais, ao fim dos quais seria possuído por uma força exterior. A loucura amorosa, produzida por Afrodite, e a loucura poética, produzida pelas musas.
Philippe Pinel alterou significativamente a noção de loucura ao anexá-la à razão. Ao separar o louco do criminoso, afastou o aspecto de julgamento moral que constituía até então o principal parâmetro da definição da loucura.
Hegel afirmou que a loucura não seria a perda abstrata da razão: "A loucura é um simples desarranjo, uma simples contradição no