A verdadeira interpretação da doutrina sobre a felicidade

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A verdadeira interpretação da doutrina sobre a felicidade1

Nos limites do desinteresse estabelecidos pela justiça e pelo amor devem ser situados os interesses objetivos do homem. São os interesses que não chocam contra o desinteresse porque surgem da tendência do ser humano a tudo o que na natureza humana é certamente saudável.
Tal é, em primeiro lugar, a tendência à felicidade. Trata-se de uma tendência natural e, por isso, necessária: o homem não pode não querer a felicidade. Quere-a, por conseguinte, sempre e em tudo, ainda que não sempre dê um nome ao objeto dos seus desejos. Por outra parte, precisamente porque o homem quer a felicidade em tudo e mediante tudo, poderia parecer que ele não quer efetivamente a felicidade, senão só os distintos valores dos quais se ocupa na sua atividade. O desejo da felicidade não se encontra na superfície do querer, e menos das ações do homem. Porém, não é difícil descobri-lo e objetiva-lo: nenhum pode negar que no profundo a vontade sempre palpita seu desejo.
A ética não pode rejeitar este fato, nem ocupar-se exclusivamente com ele. A ética não é, na sua essência, a doutrina da felicidade, porque é ciência normativa: a felicidade está fora da norma e por cima dela.
A felicidade constitui o fim da natureza e não um objeto que se possa escolher, enquanto que a norma se refere só ao objeto da eleição. O objeto da eleição é sempre uma certa via que o homem deve seguir. A felicidade, diferentemente, não é uma via, senão que é o fim de todos os caminhos do homem. Por isso, não será difícil pôr-se de acordo em que a ética indica indiretamente ao home a via para a felicidade. Assim entendia Aristóteles a função da ética, e de modo semelhante a entende o Evangelho.
Mas, precisamente, neste ponto poderia tal vez voltar a acusação do interesse e, precisamente, a acusação da heteronímia. Tal acusação tem origem em Kant, ainda que não se aplicou à ética cristã. Não obstante, esta acusação é transferida com facilidade para a

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