Trabalho de campo: testemunhas de Jeová

O trabalho de campo ou pesquisa etnográfica é inquestionavelmente uma ferramenta completamente útil e peculiar aos antropólogos em geral, tido até como rito de passagem entre os novatos, e um meio singular de apreensão de conhecimento, seja de hábitos já familiarizados e que irão ser observados sobre outra visão ou algo completamente novo, no qual envolve um sentimento de estranhamento à nossa realidade.
Partindo do conceito do estranhamento, e após muita reflexão e indecisão, decidi por trabalhar um grupo, ou mais precisamente uma religião, muito hostilizada e que desperta curiosidade ou certo desprezo na grande maioria das pessoas. Enfim, o objeto do meu trabalho é o Salão do Reino das Testemunhas de Jeová e seus fiéis, os denominados Testemunhas de Jeová.
Pré-noções
Como já dito, a escolha de um objeto de estudo não foi algo fácil e natural pra mim, porém após revisitar todas minhas possíveis escolhas, as Testemunhas de Jeová se destacaram por serem alvo de interesse de muita gente. Desde criança recebia as visitas domiciliares e evangelizadoras dos membros, e sempre tive certo preconceito. Esse sentimento se iniciava quando pensava que essa pregação de porta em porta seria atitude de “pessoas que não tem o que fazer”, e que acontecia nos finais de semana pela manhã principalmente, o que eu achava muito inconveniente da parte deles. Porém, quando amadureci mais um pouco e iniciei minha caminhada cristã, entendi o porquê e a importância dessa evangelização, mesmo que muitas das vezes continuava considerando-a inconveniente.
Outra coisa que nunca entendi foi a certa “reclusão” que os fieis adotam do resto do mundo, e o fato de não comemorarem nenhuma festividade, nem mesmo seus aniversários. Tinha a idéia de que eles se achavam “bons” demais para conviverem com as pessoas consideradas “mundanas” e que esse convívio poderia de alguma forma, corrompê-los, mesmo que essas pessoas fossem ex-membros de sua religião. E isso