Texto: “a imagem do mundo e do homem”; in: “a cultura do barroco – análise de uma estrutura histórica”; josé a. maravall.

Durante todo o texto, Maravall tentará demonstrar como o Barroco foi um reflexo do período de crise que a Europa atravessava no séc. XVII. Tal crise não iria trazer somente conseqüências sociais, econômicas e políticas, mas também iria modificar a mentalidade do homem acerca do mundo e de si mesmo. A Europa passou por situações que desolaram todo seu território: guerras, fome, pestes, etc., durante todo o seiscentos. E como reflexo a todas estas dificuldades surge o Barroco, que o autor considera como uma “arte de crise, mas não uma arte da crise”, isto é, expressa uma mentalidade, mas não uma consciência. Tal expressão será permeada por um sentimento constante de desilusão com o mundo e com a vida que, deste modo, levou ao abalo da sociedade, modificando sua mentalidade e valores. E a personificação de todas essas mudanças passa a ser o louco. O tema principal, seja na literatura, no teatro ou na pintura, passa a ser a “loucura do mundo”, tendo este último como uma “estalagem”, ou seja, uma representação de um mundo repleto de loucos que estariam aprendendo a sobreviver apesar de todas as adversidades. Contudo, os temas não terminam aí, podemos observar, também, temas como a melancolia e a felicidade. A primeira devido à desilusão que a situação de crise (em todos os âmbitos) causava. Já a segunda representava uma pretensão desmedida à ascensão sócio-econômica, num período que a imobilidade social dava lugar a instabilidade constante, principalmente da nobreza – “mundo às avessas”.
Além disso, houve um repentino gosto pela arte das festas, do brilho, do luxo e esplendor, representado pela figura do bufão, este universo estava diretamente ligado a toda uma herança cultural cultivada pelo Estado e pela Igreja. Mostrando, assim, o mundo em contradição – o Barroco como a arte das luzes e das sombras.
Num período de instabilidade e desordem era natural que o homem sofresse modificações de comportamento e mentalidade. Em relação a isto, o autor demonstra que