resenha
Segundo Freud (1915), o destino do afeto passa por sua transformação (conversão, deslocamento e transformação) ou a supressão (Unterdruckung) onde o afeto desaparece completamente, sendo este desvanecimento do afeto um conceito fundamental na psicossomática, pois na psicossomática a relevância está no destino dado a esse afeto.
Aqui não estamos lidando com representações, mas com fatos onde encontram-se implícitas a perda ou a separação , por isso não há como recalcar as representações para fugir do afeto. O destino desse afeto é impossível de ser vivenciado ou transformado. Mas as manifestações somáticas alcançam neuróticos, psicóticos e perversos, à vista disso coexistem com o recalcamento, o repudio e a recusa.
O desencadeamento dos fenômenos somáticos tem ligação com o imaginário, representações sem precisar de um intermédio de um discurso, e não com uma ligação simbólica com a perda ou a separação.
Freud em 1938 descreve a “clivagem do ego” que “permite a coexistência do ego de determinadas articulações para a pulsão e suas representações e outros para a possibilidade de perda do objeto.”
No fenômeno psicossomático a perda ou a representação imaginaria encarcerada a uma cena de perda são situações reais. O destino do afeto corresponde ao que é “impossível de ser vivenciado”, a possibilidade de existência de outras defesas e estruturas de articulação co a pulsão se dá justamente através da supressão e uma clivagem do ego. Com isso o que se busca clinicamente é um forma de construir uma “possibilidade de vivenciar afetos sem o risco de uma dor impossível”, evitando a seu próprio extermínio com sujeito.