Mem Ria Do Torturado E Mem Ra Coletiva
CONTRIBUIÇÕES DO DEBATE ACADÊMICO PARA AS
POSSIBILIDADES DE REABILITAÇÃO E
ESQUECIMENTO
Vivian Souza1
Resumo
O presente artigo tem como objetivo investigar a experiência de vivência da tortura a partir da perspectiva da memória traumática. Utilizando como objeto específico de estudo as experiências dos torturados pela ditadura militar brasileira (1964-1985), buscar-se-á rever a interpretação corrente entre altos oficiais militares envolvidos na repressão de que a Lei da Anistia significaria um pacto mútuo de esquecimento e silêncio. Compreendendo o potencial que as memórias subterrâneas têm para eclodir em momentos de reconfiguração do status quo político e social, buscar-se-á compreender de que maneira, a partir dos primeiros ensaios de abertura política no país, a memória traumática da tortura foi ganhando espaço publicamente para, a partir de então, pretender à sua incorporação em uma memória nacional do período. Palavras-chave: Memória traumática. Tortura. Ditadura. Esquecimento.
Introdução
O presente artigo tem como objetivo investigar a experiência de vivência da tortura a partir da perspectiva da memória traumática. Utilizando como objeto específico de estudo as experiências dos torturados pela ditadura militar brasileira
(1964-1985), buscar-se-á rever a interpretação corrente entre altos oficiais militares envolvidos na repressão de que a Lei da Anistia significaria um pacto mútuo de esquecimento e silêncio.
Utilizando a bibliografia consagrada no estudo das memórias coletivas, como os trabalhos de Maurice Halbwachs e Pierre Nora, a primeira parte deste artigo buscará fazer um panorama sucinto em relação aos processos da memória a partir de sua compreensão enquanto coletiva. A formação da memória coletiva, sendo um processo social, está exposta a diferentes interesses, que buscarão se afirmar a partir da consolidação de suas perspectivas. É por isso que falar em formação de uma memória coletiva é também falar da formação de