Mar Adentro Conta A Hist Ria De Um Homem
Ramón leva quase trinta anos debilitado em uma cama sob os cuidados de sua família. Sua única janela para o mundo é a de seu quarto, junto ao mar por onde tanto viajou e onde sofreu o acidente que interrompeu sua juventude. Desde então, seu único desejo é terminar com a sua vida dignamente
Mar Adentro" aborda, por seu próprio caráter racional, uma série de indagações éticas acerca da eutanásia, da vida e da morte. O argumento legal utilizado pelos advogados de Ramón, de que, num Estado dito laico, tal decisão, a liberdade de privar-se da própria vida, não deve pautar-se por princípios teológicos, é das mais coerentes. Por outro lado, eleva-se também o questionamento sobre o que pode ser caracterizado como vida: se é a capacidade para locomover-se, conhecer novas coisas, a racionalidade ou a capacidade de amar. Para Ramón, sua condição não é digna, mas isto é apenas um exemplo de como cada indivíduo lida e compreende sua situação sob diferentes perspectivas. Para alguém que pautou sua existência pela liberdade, a incapacidade de mover-se é talvez o maior dos grilhões. Ramón tem a sua volta familiares e amigos que o amam, porém, para ele, ter isto sem a liberdade plena que caracteriza o individualismo moderno, não basta. este tipo de decisão lhe causou problemas não só em relação a opinião pública, mas com a Igreja e também com sua própria família, que não aceitava o fato de que de forma lúcida e consciente havia decidido que queria morrer.
Seu caso foi levado aos tribunais em 1993, para conseguir a legalidade da eutanásia, mas o pedido foi negado. Na carta Sampedro destinada aos juízes, em 13 de novembro de 1996, aparece repetidas vezes no filme : viver é um direito não um obrigação. Assim Ramóm coloca em cheque a