Globalização e Reforma Educacional
GLOBALIZAÇÃO E REFORMA EDUCACIONAL NO BRASIL
(1985-2005)
José Eustáquio Romão
INTRODUÇÃO
A reconstituição da história das reformas educacionais que ocorreram no Brasil, nos últimos 25 anos, exige recuar de 2005 até o ano de 1980. Contudo, esta última data não tem maior significado na história do país, nem, muito menos na trajetória de sua educação nacional. Nessa época, a nação estava eclipsada por uma ditadura que, implantada em 1964, dominaria o país por mais de duas décadas. É verdade que, na primeira metade dos anos 80 do século passado ela já apresentava seus primeiros sinais de esgotamento, em um dos governos mais medíocres dentre os que os militares haviam imposto ao país. De “escancarada”, a ditadura passara a “envergonhada”, “encurralada” e, finalmente “derrotada”, na feliz adjetivação de Elio Gaspari (2002-2004), ao analisar os 21 anos de governos de caserna autoritários (1964-1985).
Se arredondarmos as datas, como se faz em períodos de média e de longa duração, de acordo com Fernand Braudel1, podemos considerar, grosso modo, os meados da década de 1980, para o recuo histórico, tratando o primeiro lustro da década de 1980 e, até mesmo os anos anteriores, como “antecedentes”. Sabemos que os marcos históricos não se encaixam nos limites rigorosos das periodizações meramente cronológicas, mas que devem ser considerados a partir da expressividade de determinados eventos que deixam conseqüências profundas e duradouras, pelo menos nos sistemas simbólicos das diversas formações sociais. Nesse período, não há como desconhecer os impactos da Globalização2 nos sistemas educacionais brasileiros3. Mas, considerando-se a especificidade da história do Brasil, mormente a de seu sistema educacional, é aconselhável concentrar a atenção no que ocorreu nos últimos 20 anos4. É evidente que serão necessários fazer alguns recuos, mesmo que de modo sumário a décadas anteriores aos anos 80 do século XX, para tornar mais inteligíveis