Fundamentos Antropológicos
Cabe ao ser humano enfrentar, desmontar e decifrar a natureza. E isso precisamente é cultura. Com exemplos bem chãos podemos esclarecer essa tese, lembrando que água é natureza; enquanto que monjolo é cultura. Milho é natureza; pamonha é cultura. Pedra, areia, madeira – natureza; casa, escola, templo – cultura.
Infelizmente, as forças dominantes sempre inocularam outro conceito de cultura, conceito todo marcado pelo bacharelismo e pelo feitiço do canudo, confundindo, sem mais, cultura com erudição livresca, com diplomas e cursos. E nessa concepção sectária quem leva a pior é a multidão dos sem “títulos”, sem voz para poder falar de seus usos, costumes, religiosidade, concepção de vida, manifestações artísticas, etc.
E pensar que a palavra “cultura” originariamente se liga à vida simples do homem do campo, dado à agricultura...
Transportadas essas ideias para a seara das Ciências Humanas, salta aos olhos a relevância delas, para que os seus estudiosos descubram e apreciem devidamente as contribuições ingênuas, mas indispensáveis do saber comum, que a ciência sempre retifica e/ou completa, mas nunca dispensa, nem despreza. Diga-se o mesmo da cultura popular, tão importante e significativa como a cultura literária, científica, técnica, etc. No fundo, essa visão abrangente de cultura irá proporcionar aquilo que tanto a nacionalidade precisa defender e promover – a sempre melhor integração – de todos os setores e de todo os níveis do país”. (A. Vannucchi, em Fundamentos Antropológicos das Ciências Humanas).