Freud e a educação

FREUD E A EDUCAÇÃO

A psicanálise não dá conselhos para os pais de como dar limites aos seus filhos, de como ensinar contas, ortografia... A psicanálise se trata de abrir um campo de possibilidades a partir de uma intervenção, que deixa claro o que não se deve fazer.
Os adultos estão tomados de um desejo profundo de fabricar clones de si mesmos, esse desejo atravessa a condição de pai, mãe, professor.
A psicologia da educação está tomada na tentativa de poder tirar um ensinamento claro e distinto para ver o que fazer em sala de aula.
Quando educamos uma criança, estamos tomados de uma vontade inconsciente de fabricar a nossa semelhança. Sendo que a criança se apropria do que lhe é ensinado e reproduz da sua maneira, inconscientemente. Levando em conta também que o ser humano não pode repetir com exatidão uma mensagem.
É preciso olhar para si mesmo antes de querer salvar o outro, antes de colocar a culpa na criança e/ou família por algum problema. Pois, quando a pessoa se empenha muito em salvar o outro, é porque tem algo nela que a mesma não quer ver.
O inconsciente está presente na palavra, esta que é passada à criança e/ou jovem. Nós não controlamos o que quer o inconsciente, ou seja, há impossibilidade de controlar os efeitos do que é dito sobre o outro e sobre si.
Devia haver uma preocupação com o fator inconsciente da comunicação professor-aluno, com a forma que a palavra é endereçada, com que clareza, autoridade, rigor essa palavra chega até as crianças/alunos, e não haver apenas uma preocupação com o “como se ensina”, estratégias e recursos educativos.
E é preciso estar atento ao retorno da intervenção e ao que ocorre consigo em uma relação ao que está posto em jogo em relação a criança e seu dia-a-dia no trabalho escolar.
A educação se conduz na tentativa de não acolher o desejo, de não conhece-lo ou reconhece-lo. Segundo Freud, assim preparamos mal as crianças para a vida adulta, pois, se reconhecemos o desejo que nos habita, passamos a ter uma