A dcada de 1980 presenciou, nos pases de capitalismo avanado, profundas transformaes no mundo do trabalho, nas suas formas de insero na estrutura produtiva, nas formas de representao sindical e poltica. Foram to intensas as modificaes, que se pode mesmo afirmar que a classe-que-vive-do-trabalho sofreu a mais aguda crise deste sculo, que atingiu no s a sua materialidade, mas teve profundas repercusses na sua subjetividade e, no ntimo inter-relacionamento destes nveis, afetou a sua forma de ser. Este texto pretende desenvolver alguns pontos de discusso em torno das dimenses e significados dessas mudanas e de algumas das consequncias (tericas e empricas) possveis e que so visualizveis. No pode ter, portanto, um carter conclusivo, mas pretende apresentar algumas indicaes que ofeream algumas respostas a tantos questionamentos ora presentes. Comecemos enumerando algumas das mudanas e transformaes ocorridas nos anos 80. Em uma dcada de grande salto tecnolgico, a automao, a robtica e a microeletrnica invadiram o universo fabril, inserindo-se e desenvolvendo-se nas relaes de trabalho e de produo do capital. Vive-se, no mundo da produo,_ um conjunto de experimentos, mais ou menos intensos, mais ou menos consolidados, mais ou menos presentes, mais ou menos tendenciais, mais ou menos embrionrios. O fordismo e o taylorismo j no so nicos e mesclam-se com outros processos produtivos (neofordismo, neotaylorismo, ps-fordismo), decorrentes das experincias da Terceira Itlia, na Sucia (na regio de Kalmar, do que resultou o chamado kalmarianismo), do Vale do Silcio nos EUA, em regies da Alemanha, entre outras, sendo em alguns casos at substitudos, como a experincia japonesa a partir do toyotismo permite constatar. Novos processos de trabalho emergem, onde o cronmetro e a produo em srie e de massa so substitudos pela flexibilizao da produo, pela especializao flexvel, por novos padres de busca de produtividade, por novas formas de adequao da produo lgica do mercado (ver Murray, 1983