Crase

CRASE
Obama entra para a história
A escolha do primeiro negro para concorrer à Presidência dos Estados Unidos por um dos dois grandes partidos quebra um tabu de séculos e manda ao mundo uma mensagem de tolerância.
Na quarta-feira passada, 4 de junho de 2008, Barack Hussein Obama,
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47 anos em agosto, acordou para viver seu primeiríssimo dia como o primeiríssimo negro na história dos
Estados Unidos a virar candidato à Casa Branca por um partido grande e, portanto, com chance de ser eleito presidente do país. No dia anterior, quando a manhã começou a raiar em Chicago, faltavam 41 delegados para que ele vencesse
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a disputa. Os eleitores de dois estados, Dakota do Sul e Montana, estavam começando a se encaminhar às urnas para votar nas últimas primárias da temporada, e um superdelegado, como são chamados os caciques do partido que têm voto na manga, veio a público anunciar seu apoio a Obama.
Depois, veio outro. E outro. E mais um. À tarde,
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faltavam apenas doze delegados. Quando anoitecia, a conta finalmente bateu em 2.118 delegados, e o quartel-general da campanha de Obama em Chicago veio abaixo. Gritos, aplausos, assovios, espocar de champanhe: Obama acabava de sagrar-se o primeiro negro a concorrer à Casa Branca com chance real de ser eleito. Extraordinário?
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Sem dúvida. Mas, diante da grandeza do feito, extraordinário é pouco.
Obama é o primeiro negro a chegar a essa posição depois de 389 anos do desembarque da leva inaugural de escravos africanos na América inglesa. Mais: antes de obterem a posição de proeminência política da semana passada, os negros americanos passaram 250 anos
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sob a escravidão e outros 100 sob o regime de segregação racial, durante o qua l eram proibidos de morar no mesmo bairro que os brancos, usar o mesmo banheiro público, ir à mesma escola.
A vitória de Obama, por tudo isso, tem a moldura dos feitos que abrem uma nova era. Mesmo que já estivesse se desenhando há meses,
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sua conquista causou