corpo

TEXTOS MODERNISTAS

Arte de Amar

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não. Manuel Bandeira

EXPLICAÇÃO DO TEXTO:

O sujeito lírico, por meio dos versos, quer passar uma idéia sobre do que ele entende por amor, de como se dá essa arte. Antes de tudo, é importante definirmos o que se entenderá por alma no decorrer destes versos, pois este substantivo, quando empregado em certos contextos, pode ganhar significados e usos diferentes. Neste poema, por exemplo, optamos por compreender a alma através de um conceito socrático, isto é, a alma, que tem a capacidade de exercer um comportamento ético, é dotada por faculdades distintas e hierarquizadas: sentido, liberdade e inteligência. A partir disso, poder-se-á dizer que a alma seria a psique, isto é, um conjunto de fenômenos psíquicos, conscientes e inconscientes. No poema em geral, além do autor fazer uma relação com o tema agora explicado, ele também relaciona essa forma de amor-compaixão (sentimento que nega a vontade, ao invés de afirmá-la) com a figura divina, citando também um leve sentido de erotismo ao final do texto. Para findar, faz-se necessário frisar que “A arte de amar” é um poema reflexivo e, pelo fato das rimas praticamente inexistirem, ele tem como principal característica a utilização de versos livres, porém, se aproximam bastante de um texto em prosa, não perdendo seu caráter poético através dos versos. Esse é um poema escrito por Manuel Bandeira em seu melhor estilo.

Erro de Português

Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português. Oswald de Andrade

EXPLICAÇÃO DO