Auschwitz

Auschwitz, 24 de dezembro de 1950.
Querido você –chamar-te-ei assim–
Não acredito que o destino possa brincar com a gente, seres físicos que ocupam um ponto particular na Terra, todos os caminhos estão traçados. Por consequência de suas escolhas, você segue uma das milhares alternativas predestinado à você; antemão, não pretendo falar das minhas crenças. Meu assunto é outro;
Hoje ,faz exatos cinco anos que o regime nazista caiu, derrubando também campos de concentração, anos de barbaridades e pessoas sedentas ao poder, dispostas à tudo para alcançá-lo. Levando pessoas para o terminal da morte, para impor seu poder sobre judeus, negros, homossexuais e criminosos. Mostrar o quão fortes e influentes são para cidadãos alemães e estrangeiros.
Não dispenso apresentações, meu nome é Otto Frank, sou judeu e homossexual –quantos anos vivo na Terra, pouco importam- você deve estar perguntando-se como ainda estou vivo ,e escrevendo dum campo de concentração. Como um último suspiro, responderei seus devaneios.
Fui um dos poucos sobreviventes. Passei pelo terminal da morte, fui um dos 15% não considerado “mortos-vivos”, selecionando-me para trabalhar nos campos, sobrevive à casa de desespero, onde aprendi a chamar de lar. Convive com doenças, ratos, vermes, ambientes abafados, sem saneamento básico ,tão pouco água. Dividia minha cama, de solteiro, com mais dez prisioneiros. Mas, aprendi a gostar daquele lugar. Cada dia ali, era mais um dia de vida. Menos uma chance de voltar ao pó.
“Dá cá o teu” todos nós, prisioneiros, tivemos nossos bens confiscados e levados pelos nazistas. Sobradando-nos nada mais do que a vida que foi imposta; se é que podemos chamar aquilo de vida.
Além das câmeras de gases, havia ainda os prédios onde eram feitos experimentos medicinais, conhecido por nós como “medicina macabra”. Tivemos os velórios roubados, e submetidos ao paredão, caso desrespeitássemos as regras de Auschwitz.
Depois de perder toda a minha família, amigos, conhecidos e