O que é arte na contemporaniedade
Arte autônoma? Os movimentos de vanguarda e a relação entre arte e filosofia como impasse à compreensão do que é autonomia nas obras artísticas
Definir a arte tem sido um problema constante para a filosofia. Na verdade, a definição de arte teve um papel crucial no nascimento e na formação da filosofia. Tendo surgido na cultura antiga de Atenas, a filosofia se opôs agressivamente à arte, como a fonte superior de sabedoria, como a mais elevada busca, aquela que proporcionaria as mais nobres e intensas alegrias de contemplação. Porém, nem sempre a relação entre arte e filosofia deu-se assim, Martin Heidegger ao buscar uma definição para a arte, não atingiu conclusões muito precisas, mas afirmara que a obra de arte é o local de uma verdade imediatamente de si mesma, e, a partir daí, realiza-se o que na filosofia pode-se apenas indicar. Conterrâneo dele, o filósofo alemão Morris Weitz, também abandonou a busca de uma definição para a arte, pois, segundo ele, era logicamente irrealizável levantar a lista das propriedades necessárias e suficientes à existência da arte. O que proponho neste trabalho é apresentar como esse debate, entre arte e filosofia, assim como os movimentos vanguardistas, afastaram da sociedade ocidental a busca por uma obra de arte autônoma. Entenda-se por autonomia algo ainda indefinido, contudo, para sua definição é necessário partir da premissa, aqui, de estar desenlaçada da interdependência entre arte e filosofia, seja inferior ou superior, assim apresentada em esquemas por Alain Badiou, como também da autocrítica vanguardista, na arte burguesa, de produção e recepção individual, mostrada por Peter Bürger.
1. Entrelaçamento entre arte e filosofia Os entrelaçamentos da arte com a filosofia expostos por Badiou em três esquemas: didático, romântico e clássico, em seu livro, Pequeno Manual de Inestética, procuram mostrar que o século XX viu-se saturado dessas doutrinas. Ainda assim, as