O QUE VALE É TER LIBERDADE
“Quanto Vale ou é por Quilo?” é um filme que faz uma analogia entre a escravidão antiga e a exploração da ‘solidariedade’ atual. Mostra com maestria como as ONGs viraram ‘ativismo fashion’ para senhoras de altas classes sociais e se tornaram fonte de lucro para grandes empresas.
Torna óbvio que os resquícios da escravidão continuam ao nosso lado até hoje. Se não existem mais correntes físicas, certamente existem as psicológicas.
É uma obra realista e recheada de sarcasmos, onde fica nítido perceber como, desde os tempos primórdios, a falsa cordialidade de diversos brasileiros esconde seus reais interesses: os próprios.
Apenas me questiono em até que ponto o impacto do filme é positivo para a sociedade. A máxima de que “criticar é fácil, difícil é fazer/resolver” não pode ser ignorada. O filme vomita problemas de todos os lados, mas não apresenta um só meio de resolver a situação.
Aprendemos desde cedo que não devemos dar esmola aos pobres, mas o que, então, devemos fazer na esperança de ajudar nosso país? Agir corretamente é o suficiente? Não errar é o mesmo que acertar?
No filme, tem-se a impressão de que só existem duas opções: ou explora-se ou se é explorado. Nesse ponto, devo discordar.
Não consigo comprar a ideia de que fazemos caridade buscando apenas o bem-estar pessoal para termos a sensação de ‘dever cumprido’. Enxergo o homem como um ser que, até mesmo por viver em bando, tem um instinto coletivo. Não são todos e, provavelmente, nem a maioria, mas me recuso a adquirir a visão pessimista de Sérgio Bianchi.
Se a Globo desconta os impostos através do dinheiro de milhões de brasileiros que doam suas moedinhas para o projeto ‘Criança Esperança’, ao menos está sendo feita alguma coisa e, coisa esta, que gera resultados bons. Poderiam ser melhores? Certamente.
Longe de defender a corrupção, apenas não encontrei, ainda, a alternativa correta. E eu já