Texto literário e carências do leitor

Ezequiel Theodoro da Silva em Literatura e Pedagogia – Ponto e Contraponto chama a atenção para certas propriedades do texto literário, tais como as de estar constituído e ser transmissor de fantasia e razão a um destinatário que, ao menos de modo virtual, necessita delas em sua existência diária. E alerta para o fato de, muitas vezes, o trabalho didático interromper a cadeia que coloca frente a frente as potencialidades do texto literário e as carências do leitor. A educação conspiraria, pois, para inviabilizar o ensino da literatura, e atuaria em detrimento do leitor? Ou, pelo contrário, uma pedagogia bem-sucedida resultaria do aproveitamento máximo do fato de a ficção acionar e depender do imaginário de seu consumidor?
Procura-se, aqui, discutir essas questões, com fundamentos elaborados a partir de leituras e da experiência pessoal dos dois autores. Provindo das duas áreas aqui colocadas face a face, os autores acreditam que, pelo intercâmbio amistoso de ideias, esta obra pode oferecer matéria para reflexão às pessoas relacionadas aos temas propostos: professores, estudantes, escritores e críticos literários. E esperam chegar ao lugar em que pedagogia e literatura se encontram, para atar duas pontas que, desamarradas, têm consistido numa das causas dos desatinos (que são tantos, é certo) da educação nacional.
A experiência mostra que, ao iniciar os seus estudos superiores, os estudantes geralmente reduzem o tempo dedicado à convivência com livros de literatura. A leitura de estudo, voltada a livros teóricos, ocupa a maior parte de sua atenção, fazendo com que a usufruição arte literária fique diminuída, quando não aniquilada ou, no mínimo enrijecida.

Esse problema pode causar duas conseqüências negativas. A primeira é o risco de um afastamento, com ou em retorno, do mundo da literatura em função do congelamento de práticas específicas. A segunda é a continuidade, nos ciclos superiores de formação, de uma visão distorcida dos livros literários, no mais das