O catolicismo brasileiro frente ao golp de 64

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O Catolicismo Brasileiro no Golpe Militar de 1964 Carlos Roberto Cunha Amorim Introdução
Recuperando aspectos decisivos da história brasileira, cenários e personagens marcantes daquele contexto, este trabalho toma para si a tarefa de perscrutar uma instituição fundamental que, em diferentes momentos, esteve envolvida em progressos significativos de nosso passado, quer colocando-se a serviço da manutenção da ordem, quer mobilizando-se em lutas sociais para a transformação da mesma. Analisar o comportamento de setores mais conservadores da igreja católica brasileira após o golpe de 1964 evidencia o caráter complexo, dialético e rico dessa igreja em nosso país. O estudo da igreja católica no Brasil traz à luz seu caráter contraditório, plural e pendular, seu esforço em acompanhar as marchas e contramarchas da história brasileira e as diferenças que em determinados momentos podem ser observados entre esta e a sociedade e, muitas vezes, as diferenças verificadas no próprio corpo do clero.

- Capítulo I Os Conflitos Igreja-Estado no Brasil
Desde Pio VII, em mil e oitocentos, estava em curso na Europa uma corrente de pensamento intitulada “Catolicismo Ultramontano”, ou “Ultramonstanismo”, forma de pensamento centrada na reação antimoderna católica, e que alcançaria o seu apogeu justamente durante o pontificado de Pio IX (1846 – 1878), que entrou para a história como um dos papas mais conservadores do período. Sua gestão ficara marcada pelo Concílio Vaticano I (1870), que decretara a infalibilidade Papal. Por estes e outros motivos, “(...)muito embora a Igreja se houvesse consolidado internamente e expandido qualitativamente, o papado parecia isolado e alvo de crescente hostilidade de todos os que não queriam renegar a civilização moderna1”. Após sua morte, assume

1

AUBERT, R. (org) A Igreja na sociedade liberal e no mundo moderno. Pedro Paulo de Sena Madureira e Júlio Castañon Guimarães (trad.). Petrópolis: Vozes, 1975. p. 10
Texto integrante dos Anais do XX

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