O caminho

Universidade Federal Fluminense
Disciplina Língua Portuguesa I
Prof: Lígia Aluna: Rachel

O caminho é você quem faz Nem sempre podemos ter flores em nosso caminho, mas podemos plantá-las mesmo que seja para que os que venham após possam regar e os que venham ainda depois possam finalmente sentir o perfume. Esta semana ouvi algo que me pareceu uma profunda sabedoria: “Ninguém pode ofender ninguém, nós é que escolhemos nos sentir ofendidos ou não.” Assim é a vida, muito embora não possamos prever o que nos acontecerá, as pessoas que vamos encontrar, as amizades, os amores, os encontros e os desencontros. Ainda assim, podemos decidir nossa postura diante das pessoas e do mundo. Lembro-me da história do fotógrafo sul-africano Kevin Carter. Ele fez uma das mais chocantes fotos da humanidade – da miséria humana. Na cena, uma criança negra, esquelética, curvada sobre si mesma pendurada por uma gota de vida no chão cru da África. Bem perto, um cauteloso abutre aguarda o momento de sua morte por inanição. Kevin esperou pacientemente o momento certo para a foto, esperou que o animal abrisse as asas em tom de ameaça para a pobre criança, mas o abrutre certo de sua refeição nenhum gesto ensaiou. Assim mesmo a cena foi registrada, chocou o mundo e recebeu muitos prêmios. Mas a consciência de Carter o consumiu. Creio que seus pensamentos o tenham assombrado com a idéia de que ele e o abutre eram iguais. Como o animal que espera a morte para se suster, ele esperou a cena certa para a fotografia perfeita. Não valeu dizer que o seu trabalho conscientizou muita gente, abriu os olhos de muita gente... Não! O tempo que esperou para a cena certa o traiu, fez não haver mais tempo para aquela criança. Nada mais fazia diferença: ela estava morta. Alimento daquele que consome o que já não tem mais vida, daquele que não oferece perigo à vida, e que apenas esperou sem luta, a confirmação da nossa incompetência, enquanto ser dominante, de cuidar de