O autor como produtor

O Autor como Produtor
(Walter Benjamin)

“Trata-se de ganhar os intelectuais para a classe trabalhadora, fazendo com que se conscientizem quanto à identidade entre as suas preocupações espirituais e as suas condições de produtores.” Ramón Fernández. A questão da autonomia do poeta: ele tem a liberdade de compor o que quer que queira, contudo, não o faz já que é obrigado a escolher a serviço de quem ele quer colocar a sua atividade. O escritor burguês, a serviço do passatempo, não reconhece tal alternativa – ele trabalha a serviço de determinados interesses de classe. O escritor progressista tem a sua decisão tomada à base da luta de classes, a medida que se coloca ao lado do proletariado (daí então acaba a sua autonomia própria); ele orienta a sua atividade de acordo com aquilo que for útil para o proletariado na luta de classes – ele segue uma tendência. Deve-se compreender a correlação existente entre tendência e qualidade. Uma obra que apresente a tendência correta deve, necessariamente, apresentar toda e qualquer qualidade. Uma tendência de uma obra literária só pode ser politicamente correta se ela também for literariamente correta. Isto quer dizer que a tendência politicamente correta inclui uma tendência literária. Portanto, esta tendência literária (que está contida em toda tendência politicamente correta) é a que faz a qualidade da obra. Por isso, a correta tendência política de uma obra inclui a sua qualidade literária, pois ela inclui uma tendência literária. A relação dialética entre forma e conteúdo não consegue fazer nada com coisas rígidas, isoladas: obra, romance, livro. É necessário tê-las inseridas nos contextos sociais vivos. Relações sociais são condicionadas por relações de produção. Ao invés de perguntar como uma criação literária se coloca ante as relações de produção da época deve-se perguntar como ela se coloca nas relações de produção. Esta pergunta se volta para a função que a obra desempenha dentro das relações de produção