A Ralé Brasileira

O senso comum não percebe que é a presença das classes e da economia moral que vai determinar o comportamento peculiar de cada classe

Isso explica que a “determinação social” dos comportamentos individuais seja esquecida

Classe social é o segredo mais bem guardado da ideologia do senso comum.

O esquecimento de tal segredo só pode ser compreendido ao separar o conceito de classe social como fonte de heranças simbólicas que passam de pais para filhos do conceito meramente econômico de classe dado pela renda.

Os pais ou responsáveis transmitem aos filhos uma visão de mundo correspondente a classe que pertencem .

A classe media ensina, por exemplo, como se vestir, como se portar em publico, como se deve comer, ou seja, as classes ensinam “valores” de uma dada “classe”.

O aprendizado familiar é afetivo, ele só existe porque existe também a dependência e a identificação emotiva e incondicional dos filhos em relação aos pais.

No seio da classe media também é ensinado as crianças que elas possuem “um fim em si mesmas” pois são amadas incondicionalmente pelos pais.

Tal fator acrescenta um mecanismo disciplinar indispensável para o sucesso no capitalismo moderno e a autoconfiança, importantíssima para a competição social.

A autoconfiança é aquele elemento que confere a quem o possui, pelo simples fato de ter sido amado, a certeza do próprio valor, certeza essa que permite encarar derrotas e perdas como fatos transitórios e o enfrentamento de todo tipo de desafio e de dificuldades com confiança e esperança.

Contudo isso não é comum a todas as classes, as mais baixas muitas vezes não possuem nenhum dos tipos de aprendizado em seus núcleos familiares ( nem como se portar e nem a disciplina e autoconfiança )

Por exemplo, pais estimulam os filhos a irem a escola de forma cognitiva, pois eles mesmos não frequentaram tal núcleo e não conhecem empiricamente os benefícios da educação.

Outro exemplo é a naturalização do estupro do