A ralé brasileira

DIÁRIO DE SALA
Aula: 02 de maio de 2012
Texto: Souza, Jessé. Ralé brasileira : quem é e como vive / Jessé Souza ; colaboradores
André Grillo ... [et al.] — Belo Horizonte : Editora UFMG, 2009. (Introdução)

A introdução de “Ralé Brasileira” cria um referencial interpretativo para as pesquisas empíricas apresentadas nos capítulos subsequentes. Em resumo, mostra para os leitores uma refinada visão social sobre classe, aponta os principais e reais problemas da desigualdade e considera a existência de uma classe de “abandonados”, denominada de “ralé”.
Inicialmente, o autor afirma que o debate público, as universidades, a imprensa e os estudiosos -marxistas ou liberais- divulgam, cotidianamente, a visão do acúmulo material como instrumento determinante de classe e grande responsável pelos problemas sociais. Tal visão fora denominada de “economicista” e é sustentada pela tendência atual de interpretação da realidade por meio de estatísticas e pela dramatização do Mercado x Estado (Mercado como portador de todas as virtudes e o
Estado, corrupto e cheio de privilégios, como vilão).
Todavia, através de uma visão alternativa, demonstra que a problemática da desigualdade social repousa em complexos privilégios injustos, repassados desde o nascimento do indivíduo, e que a visão economicista carrega desconhecimento sistemático da realidade sob a aparência de conhecimento.
Afinal, tal visão considera o ser humano como Homo Economicus, ou seja, naturalmente dotado da capacidade de calcular suas chances relativas na luta social por recursos escassos, todos com a mesma disciplina, autocontrole e autorresponsabilidade.
Sendo assim, bastava um aumento circunstancial de renda para isentarmos a população brasileira das desigualdades sociais e, consequentemente, das diferenças abissais entre classes. Entretanto, refutando essa ideia, o autor identifica a existência de outro elemento determinante, muito mais impactante e, geralmente, ocultado, o capital