a emergência do sistema dualista
Brasília, 17 a 19 de junho de 2013.
CRÍTICA LITERÁRIA DE GABINETES E LITERATURAS A CÉU ABERTO
Bruna Paiva de Lucena
Resumo:
Neste trabalho, pretende-se comparar o olhar da crítica literária brasileira sobre a formação de um cânone historiográfico com o olhar das/os produtoras/es de literaturas autônomas a esse cânone sobre o espaço ocupado por suas poéticas. Para isso, será estudado tanto o campo de produção da crítica literária hegemônica – mediante a discussão do modo como críticos literários constroem o conceito de sistema literário – como o campo de produção de literaturas autônomas – por meio das obras do poeta Patativa do
Assaré e da cordelista Salete Maria da Silva, que problematizam em seus textos o espaço literário de suas poéticas. Contrapondo esses olhares e campos, pretende-se refletir sobre os espaços de produção de textos literários, e do discurso sobre eles, por meio das metáforas gabinetes e céu aberto, bem como acerca dos estudos referentes às categorias crítica e cânone literários, em confronto com os estudos do folclore, da cultura e das literaturas autônomas e dissonantes do cânone.
Palavras-chave: historiografia literária, campo literário, crítica literária.
Gabinetes
Na década de 30 do XX, a Universidade de São Paulo (USP), a fim de instituir um dos primeiros cursos de Letras do Brasil – compreendido no âmbito da Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras –, convidou o português Fidelino de Figueiredo para ministrar o curso de literatura luso-brasileira. Aceitando o convite, o professor solicitou à USP, entre outras medidas, “a instalação de um gabinete de trabalho, indispensável ao exercício de seu tempo integral na instituição” (Amora, 1994, p. 423). O objeto desse pedido corriqueiro, de ordem burocrática, o gabinete, materializa, de alguma forma, o lugar de fala1 de grande parte dos/as críticos/as literários/as de