A defesa de socrates

Sócrates nasceu em 469 a.C. em Atenas, filho de Sofronisco, escultor, e de Fenareta, que era parteira. Segundo Platão e Xenofonte era muito pobre. Era casado com Xantipa, mulher de difícil temperamento e dela teve três filhos: Lamprocles, Sofronisco e Mexeneno. Era forte e robusto, tinha olhos esbugalhados, nariz achatado, barriga saliente, mas a aparente fealdade ocultava, no entanto, uma alma muito bela. Fealdade que devia chocar os atenienses para os quais uma palavra sem tradução Kalokágatos, designava, ao mesmo tempo, o belo e o bom, bom porque belo, a beleza do corpo refletindo a beleza da alma. Sócrates explicava a contradição dizendo que trazia no rosto as marcas das paixões que poderiam ter sido suas se a filosofia não lhe tivesse permitido dominá-las.

Sócrates não deixou nada por escrito e o que conhecemos está em depoimentos que não coincidem entre si. Xenofonte nos dá a idéia de um Sócrates moralista que se preocupava acima de tudo com a formação de bons cidadãos, pouco interessado com problemas de lógica e de metafísica. De Platão, conclui-se que Sócrates é um grande metafísico, que se interessa não só pelos problemas da moral quotidiana, mas também pelos problemas mais difíceis do ser. Em Aristóteles, Sócrates aparece como um grande filósofo, que ensinou doutrinas interessantes e originais. A maioria dos estudiosos subscreve o testemunho de Aristóteles e admite que Xenofonte, que não era filósofo nem se interessava pelos problemas metafísicos, transmitiu-nos um Sócrates muito moralista. Quanto a Platão, muitas vezes, especialmente nos últimos diálogos, atribui a Sócrates doutrinas que não são do mestre, mas suas.

Era um cidadão exemplar, sempre viveu em Atenas, afastando-se da cidade apenas para cumprir seu dever militar. Coragem, paciência, modéstia, simplicidade, total domínio sobre si mesmo, tais eram as suas virtudes. Na Batalha de Potidéa, salvou a vida de Alcibíades. Na Batalha de Delion, onde os tebanos venceram os atenienses, salvou