A ciencia juridica e seus dois maridos

311 palavras 2 páginas
CAPÍTULO 2 – Balda para um “cronópio”: o canto da sensibilidade

O autor Luis Alberto Warat ressalta nessa obra a sua paixão pelo escritor latino-americano Júlio Cortázar, surrealista cuja obra visa a ”reinvenção da ordem instituída pela perseguição do sonho”. Cortázar reivindicava a sensibilidade, a mágica, a compaixão, a solidariedade à literatura, relacionava a vida cotidiana das pessoas ao fantástico, à ilusão, ao insólito, o que era aceito com naturalidade pelo leitor. Cortázar usava a linguagem para combater o ensino tradicional, de modo a usá-la como instrumento de conquista dos desejos encalacrados, escravizados. Warat por ser contrário a todas as certezas científicas, a tudo que é feito na máxima seriedade opta pelo poético, pela loucura, pela busca dos desejos.
Cortázar, o “grande piantado”, fez uma reinvenção do mundo através de seus personagens: os “cronópios”, os “famas” e as “esperanças”. Os cronópios são criaturas distraídas, sensíveis, com alta capacidade inventiva, cuja força é a poesia. Vivem tentando descobrir o amor pela vida, debocham do instituído, desafiam as regras, são entregues aos seus desejos. Estes podem ser considerados o alterego de Cortázar. Os famas são regidos pelos desejos lícitos, não confrontam o instituído, vivem de acordo com os moldes já estabelecidos socialmente. Já as esperanças constituem o direito do saber, são seres intermédios. Cronópios e famas são seres que divergem entre si.
Com isso é fácil associar cronópios e famas aos dois maridos de Dona Flor. Os cronópios representam o Vadinho, que é a liberdade dos desejos, a desobediência às tradições, à conduta social preestabelecida, representa os anseios da sociedade. Já os famas representam o Teodoro, que é o ordenamento jurídico, o dever ser, é o Estado como mero aplicar da norma positiva, um indivíduo que segue os padrões preestabelecidos, sem emoção, sem desejo real. Warat afirma que esse modo como a sociedade foi moldada, essa falsa moral aprisiona os

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