a casa dos loucos

7119 palavras 29 páginas
medicina do indivíduo quanto da população.

VII
A CASA DOS LOUCOS

No fundo da prática cientifica existe um discurso que diz: "nem tudo é verdadeiro; mas em todo lugar e a todo momento existe uma verdade a ser dita e a ser vista, uma verdade talvez adormecida, mas que no entanto está somente à espera de nosso olhar para aparecer, à espera de nossa mão para ser desvelada. A nós cabe achar a boa perspectiva, o ângulo correto, os instrumentos necessários, pois de qualquer maneira ela está presente aqui e em todo lugar". Mas achamos também, e de forma tão profundamente arraigada na nossa civilização, esta idéia que repugna à ciência e â filosofia: que a verdade, como o relâmpago, não nos espera onde temos a paciência de emboscá−la e a habilidade de surpreendê−la, mas que tem instantes propícios, lugares privilegiados, não só para sair da sombra como para realmente se produzir. Se existe uma geografia da verdade, esta é a dos espaços onde reside, e não simplesmente a dos lugares onde nos colocamos para melhor observá−la. Sua cronologia a é a das conjunções que lhe permitem se produzir como um acontecimento, e não a dos momentos que devem ser aproveitados para percebê−la, como por entre duas nuvens. Poderíamos encontrar na nossa história toda uma
"tecnologia" desta verdade: levantamento de suas localizações, calendário de suas ocasiões, saber dos rituais no meio dos quais se produz.
Exemplo desta geografia: Delfos, onde a verdade falava, fato que surpreendia os primeiros filósofos gregos; os lugares de retiro no antigo monarquismo; mais tarde, a cátedra da prédica ou do magistério, a assembléia dos fiéis. Exemplo desta cronologia; aquela que achamos de forma muito elaborada na noção médica de crise, e cuja importância se prolongou até o fim do século
XVIII. A crise, tal como era concebida e exercida, é precisamente o momento em que a natureza profunda da doença sobe à superfície e se deixa ver. E o momento em que o processo doentio, por
sua

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