A Abóbada
Afonso Domingues se considera apenas uma sombra de homem. No entanto, traz também consigo as marcas da Batalha de Aljubarrota. Tais marcas são a escritura da sua honra como cavaleiro, e não o reconhecimento comprado de outrem.
O arquiteto compara também a construção do mosteiro com os cânticos da Divina Comédia. A construção do mosteiro era para o arquiteto um fazer poético, que elevaria o espírito e tornaria então eterno o "cântico da sua alma". Para o arquiteto, "cada coluna, cada mainel, cada fresta, cada arco, era uma página de canção imensa".
Afonso Domingues tinha consciência de que era incapaz de ver com os seus olhos do corpo, porém afirmava ser o mais apto a desenhar o Mosteiro pois tinha muito ativo os olhos do espírito, tinha muito ativa a vontade de engendrar tal obra, pois a alimentara com "a substância da alma".
A sua existência era efêmera se fosse vivida como um mundano cego que recebia a sua tença como modo de subsistência. O que o arquiteto desejava era a glória e a eternidade, que não seriam alcançadas com uma mera tença, mas sim com a construção do Mosteiro da Batalha. Para o arquiteto, a vida na terra como mais um simples cidadão era o assassinato da alma.
Na abóbada Afonso Domingues pusera o cabedal de seu engenho, e devido ao fato de o arquiteto estrangeiro ter modificado tal obra-prima, ela caiu. Ao reconstruir a abóbada, Afonso Domingues faz a promessa de ficar três dias sem comer nem beber debaixo da sua obra-prima. Se entregara ao destino, acreditava-se. No entanto, ao final do conto, descobre-se que o mestre Afonso Domingues continuara