Wilfred Bion

Wilfred Bion
Este psicanalista inglês pertence ao grupo formado ao redor de Melanie Klein, com quem se analisou. Foi presidente da Sociedade Psicanalítica Britânica e, seguramente, um de seus membros mais criativos e audazes, tanto para enfocar problemas novos, como para inventar modelos que podem explicá-los. As construções que Bion faz amalgamam um pensamento de bases filosófica, matemática e humanística com fatos tirados da observação clínica. Incursionou no tratamento dos grupos terapêuticos e se interessou, de maneira especial, pela análise de psicóticos. Não podemos fazer, lamentavelmente, uma exposição de todas as suas ideias. O leitor interessado em ter um panorama geral de sua obra tão profunda e estimulante, apresentada de forma clara e sintética, pode recorrer ao excelente livro de Grinberg, Sor e Tabak (1972) “Introducción a las ideas de Bion”.
Um primeiro conceito que mencionaremos deste autor é o de continente-conteúdo. A ideia de que o terapeuta deve ser continente das angústias do paciente generalizou-se tanto, que penetrou nos mais vastos campos, desde a análise até as psicoterapias individuais e de grupo, assim como nas propostas institucionais. Curiosamente, sucede que a difusão desta ideia assumiu uma tal envergadura, que faz parte do vocabulário comum de muitos terapeutas, até quase fazer esquecer qual é sua origem e quem a criou.
Bion descreve como, entre a mãe e seu bebê há, desde o início da vida, um vínculo emocional muito profundo. O bebê tem necessidades corporais, mas também psicológicas. Uma destas é a de contar com um objeto externo no qual possa derramar suas angústias. Quando a angústia é muito intensa, em especial pelas fantasias persecutórias, a criança deve poder descarregá-las em sua mãe. Ela, se tiver certas capacidades emocionais, poderá absorvê-las, “metabolizá-las”, segundo Bion, devolvendo-as de maneira menos angustiante e, portanto, mais assimilável para seu filho. É a mãe que acalma, quando há um pesadelo ou durante