Vanguardas europeias

Manifesto Surrealista
Entre a dissolução do movimento Dadá em Paris, em 1922, e a primeira manifestação daquele que viria a ser o movimento surrealista, o Manifesto do Surrealismo, redigido por Breton e publicado em 1924, decorria um intervalo de experiências e incertezas.
É deste período o livro Les Pas Perdues, coletânea de artigos publicada em 1924, onde estão os manifestos dadá de Breton, bem como as reflexões sobre a ruptura com o movimento, considerado como “a imagem grosseira de um estado de espírito ao qual em nada contribui para criar”.
Em outubro daquele ano, é criado o Birô de Pesquisas Surrealistas. No mesmo mês Breton publica o Manifesto que estabelecerá os pressupostos fundamentais do novo movimento.
O Manifesto é, antes de mais nada, um libelo em favor da liberdade do espírito humano: “A única palavra de liberdade é tudo o que ainda me exalta. Eu a creio própria para entreter, indefinidamente, o velho fanatismo humano. Ela responde sem dúvida à minha única aspiração legítima. Entre tantas desgraças que herdamos, é bastante necessário reconhecer que a maior liberdade do espírito nos foi deixada.” . O documento de Breton está muito longe de ser um manifesto literário ou artístico, ao estilo dos demais manifestos modernistas, mas constitui uma defesa dos “direitos da imaginação”, substrato, segundo ele, da liberdade do espírito humano. Isto significa que o texto do poeta francês procura evidenciar as mais profundas relações entre a criação artística e literária e a vida, a liberdade humana, subordinando completamente a primeira a estas últimas.
O ponto de partida desta procura é condenação da condição humana atual: “Tanto vai a crença à vida, a isto que a vida tem mais precário, a vida real, bem entendido, que ao fim esta crença perde-se. O homem, este sonhador definitivo, dia-a-dia mais descontente da sua sorte, faz com dificuldade a volta dos objetos aos quais foi levado a fazer uso, e que a ele deixaram seu descuido ou esforço, quase sempre seu